10 de outubro de 2010

Reunião comemorativa dos 42 anos da ABGE

Palavras de agradecimento
Edézio Teixeira de Carvalho

Disseram que os homenageados fariam uma palestra. Eu levei a sério e resolvi ficar pelo menos em posição intermediária entre um agradecimento puramente protocolar e algumas pretensiosas considerações técnico – filosóficas sobre a profissão e o que no seu exercício tenho feito.
Antes de tudo dou os parabéns à ABGE pelos seus 42 anos de existência muito produtiva para o povo brasileiro.

Não andei muito pelo país e menos ainda pelo mundo. Não sou, p. ex., como Saturnino de Brito, Engenheiro membro da comissão técnica da construção de Belo Horizonte, há mais de 100 anos, sobre o qual encontro referências em lugares distantes, para a época, como Santos, Poços de Caldas, Campos, Recife, interior do Nordeste. Imagino que, fosse vivo, a ABGE o teria como Associado e ele teria sido homenageado em idade precoce.

Depois de, muito humildemente, agradecer a todos os que opinaram por esta grande homenagem, acho que tenho o dever de falar um pouco:

• do que faço e do que penso de nossa profissão;
• das cidades que me cedem a base operacional e o objeto;
• talvez até, mas uma linha só, do aquecimento global para que reste algum tempo para o seguinte;
• dedicar às famílias humanas de que participo.

Estava em Maruim – SE, 1971, vizinha de Carmópolis, onde acompanhava a perfuração de um poço, e alguém levou-me a ver a igreja-matriz imponente com rachaduras no piso externo e, se bem me lembro, discretas fissuras em paredes. Havia suspeita de que a extração de petróleo em Carmópolis repercutia em Maruim.

Andei lendo e descobri que a extração do petróleo raso nos Estados Unidos provocara subsidências severas, mas achava improvável conexão idêntica no caso, e, por ter deixado a PETROBRÁS, o que me restou do episódio foi a carreira dedicada aos territórios em geral e aos das cidades em particular, que me acostumei a chamar de Plataforma Geológica, a verdadeira infra-estrutura das cidades.

Aprendera com mestres, famosos e distantes (com os quais, além de outros, divido este prêmio), como Josué, Álvaro, Prandini, Gandolfi, Gusmão, Costa Nunes; no exterior Oliveira, meu caro orientador do Mestrado, felizmente entre nós, e que tão amavelmente me envia congratulações; ainda vivos na ocasião, li com muito interesse Terzaghi, Legget, Ter- Stepanian, Rocha.

Na reflexão pessoal, lembrando Manuel Rocha, descobri que não faz geologia urbana quem faz geologia na cidade tendo esta simplesmente por sítio casual de estudos.
 Antes de tudo, é necessário conhecer a Cidade e sua História, ao longo das civilizações; conhecer as cidades e suas histórias.
Do outro lado da questão, ocorre perguntar o que é, de fato, o sistema geológico. Sim, para a geologia urbana, o que é o sistema geológico? É a reunião mutuamente interativa dos componentes:

Permanente – Arcabouço mineral (sólido);                 
Transitório – Flora e fauna (biosfera);                            
Itinerante – Água (e outros fluidos aeriformes ou líquidos).

Cessa aqui o que busco em René Descartes: A visão analítica dos sistemas complexos. A humanidade foi além e fugiu da rota por ele traçada. Para mim, a visão cartesiana é a do método que separa o todo em seus componentes (separando os problemas) e consequentemente as soluções. A cidade, organismo complexo, não aceita esta abordagem, porque, como Prandini e eu dissemos, reclama soluções compartilhadas, simultâneas, como as que encerram a fecundidade da combinação da água com o espaço poroso dos resíduos inertes: Lugar para a água e para os resíduos porosos, exatamente o mesmo!!!

Por outro lado, o que é a Cidade?













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