20 de dezembro de 2010

A Geologia e a Copa

A Geologia e a Copa [1]
Geocentelha 319

O título poderia ser “A CAPITAL E A COPA” ou “ESPÍRITO E EFEITO DAS LEIS”, cada um aproveitando aspecto sob o qual Belo Horizonte deve preparar-se para receber visitantes comuns, os jornalistas esportivos e os que virão atrás dos temas de interesse dos três turismos — lazer, cultura e negócios. Confesso que o segundo seria mais atrativo e o terceiro mais específico, mas minha luta pela disseminação do conhecimento geológico determinou a escolha.

Dizia ex-professor meu em 1970 que para a sociedade o geólogo era um estranho ser que descobria minérios e explicava terremotos, pontuando o distanciamento quase supersticioso das sociedades modernas em relação ao conhecimento geológico. Há razões profundas e sutis para isto, que não estão em causa neste artigo, mas lembro ao leitor que, por ser a geologia a ciência que reuniu os três pilares do conhecimento material  — física, química e biologia — para desvendar e pôr a serviço da humanidade os segredos da Terra, resulta, de não ser difundido seu conhecimento, grande prejuízo  para as populações brasileiras. Sem ofensa ao leitor, trago-lhe expressões de minhas preocupações a respeito, a primeira, citação de autoria não anotada, segundo a qual grave não é a falta do conhecimento, mas a indisposição de encontrá-lo. De fato, assim agindo a sociedade e o indivíduo são com frequência atingidos por processos e acidentes geológicos que ocorrem na terra com previsível regularidade. Outra expressão — a ignorância é o pedestal da arrogância — traduz-se na elaboração de leis que demonstram a arrogância do Homem sobre a Terra, exatamente o oposto do que se diz ao justificar tais leis, cujo erro maior é afastar a busca do conhecimento contextual, em total desacordo com a lógica e com necessidades reais das pessoas.

A edificação das cidades mobiliza naturalmente massas geológicas, que precisam ser imobilizadas, como se fez recentemente na parte alta da avenida N. S.ra do Carmo, próximo do Anel Rodoviário, o que deve ser exatamente repetido no escorregamento perigoso e feio da curva do Ponteio (“...para encobrir a feiura da rocha artificial que fere os olhos que chegam para ver a capital”; este autor em “Iniciação de um geodependente”).

Essas massas e seus equivalentes antrópicos (entulho) devem também ser dispostos para sanear brejos, do contrário Belo Horizonte corre o risco de apresentar àqueles jornalistas e torcedores tudo o que a cidade moderna deve evitar: Notoriedade pela feiura concentrada em pequenas mas estratégicas áreas; notoriedade pela feiura e imundície de áreas palustres; notoriedade por índices alarmantes de dengue. Notoriedade por estar, como o resto do Brasil, com dezenas de anos de atraso tecnológico em comparação com países periféricos da Europa e Ásia, dados como inviáveis em 1960.  

Homenageio o ex-aluno e colega, Professor da UFMG Carlos Maurício Noce, brilhante cientista, tão precocemente falecido.



Belo Horizonte, 19/11/10

Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo.



[1] O Tempo; O.PINIÃO; 20/12/2010; p. 21


15 de dezembro de 2010

Mensagem

Agradecendo a todos que nos enviam suas mensagens, propomos que, sempre que possível, em nossas atividades profissionais: a) Retenhamos o máximo possível de solo e quaisquer outras massas geológicas nos pontos topograficamente mais altos do terreno; b) Disponhamos o solo e quaisquer outras massas geológicas em condição de equilíbrio estável, nos fundos de vales, onde poderão ser mais facilmente imobilizadas, mesmo que, para alcançar essa posição estável, parte desse material tenha de descer topograficamente um pouco; c) Como ação puramente simbólica, uma a mais entre tantas outras, levemos um dia, no próximo ano, 1 litro de terra da cota 500 para a cota 1000 ou da cota 1000 para a cota 1100. Assim, se levarmos simbolicamente 7 bilhões de litros de terra (1 por habitante) a uma cota em média 100 metros mais alta, teremos levado a essa cota mais alta um reservatório geológico de cerca de 1 bilhão de litros para acolher a água da chuva muitas vezes durante o ano, uma insignificância a indicar-nos o que devemos fazer para conter a voracidade da teimosa lei da gravidade. Equipe Geolurb cumprimenta a todos.



Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2010

Edézio Teixeira de Carvalho
Geolurb - Geologia Urbana e de Reabilitação Ltda
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