GC392 O componente transitório
Para simplificar o que segue, tomo a árvore como representante do transitório e a água como o do itinerante. Árvores do jardim botânico são substituídas ou não conforme um plano de manejo, suponho; as do parque urbano, livremente visitado, parecem merecer cuidados maiores com a segurança dos visitantes; quanto às perfiladas ao longo das vias públicas, por sua grande interferência com a vida urbana, devem ser objeto de critérios especiais de escolha, de limitação da idade com que devem ser substituídas. Como a decisão de manter árvores nas cidades até sua morte natural é recente, penso que as mortes por quedas de árvores no Brasil aumentarão no futuro, de pessoas acompanhando as árvores, além delas.
A propósito, se desejamos uniformidade de conformação e de qualidade dos passeios, não parece haver dúvida de que a responsabilidade por eles deve ser do poder público (um responsável, garantindo pelo menos uniformidade, com muitos fiscais) e não o oposto como é em muitas cidades (muitos responsáveis e um só fiscal, nem sempre atento).
Então já temos árvores e passeios a cuidar; voltando ao início lá acima temos também o itinerante, a água, a cuidar, e precisamos de árvores para ajudar a fazê-lo conduzindo-a para uma infiltração eficaz; portanto o leitor não se assuste, que não estou dispensando as árvores, mas propondo repô-las na idade certa, que é a proposta. Custará caro? Evidentemente não! Será lucrativo para a cidade que se dispuser a fazê-lo, pois além do lenho que deve valer alguma coisa, serão economizadas algumas vidas humanas, a paciência de muitos e horas de cidades paradas removendo troncos e refazendo linhas elétricas e telefônicas. O artigo ficou parado neste ponto desde o início de dezembro passado. Parece-me hoje que eu adivinhava que o verão pouco chuvoso seria pródigo em derrubadas de árvores, acrescentando uma lição a mais que a natureza nos oferece.
Belo Horizonte, 26/01/2015
Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo.