Fascículo 3
A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) inclui-se na
Província São Francisco do Mapa Geológico de Minas Gerais com litologias dos
Supergrupos Minas, Rio das Velhas, Grupo Bambuí e Complexo Granito-Gnáissico
Indiviso, no qual se localiza a maior parte das feições erosivas. A norte e a
sul, em regiões de rochas granito-gnáissicas, complexos ortognáissicos, como os
de Gouveia, Bonfim e Bação, este com grandes campos de voçorocas em Itabirito e
Cachoeira de Campo, a profusão de erosões do tipo ravinas e voçorocas é
evidente quando observadas do espaço por imagens como as do Google Earth.
Outras cidades a sul, sudeste e sudoeste, como Conselheiro Lafaiete, São Brás
do Suaçuí, Oliveira, São João Del-Rei, Lavras, estas duas já no alto rio
Grande, sofrem com o mesmo problema. Tanto em Oliveira quanto em Lavras, as
erosões estão concentradas em terrenos Arqueanos do Complexo
Ortognáissico Lavras, mas também se relacionam com intrusões graníticas. Em
São João Del-Rei a geologia é mais complexa, ocorrendo grande variação de
terrenos pertencentes, dentre outros, aos Grupos São João del Rei e Nova Lima.
No mapa abaixo destaca-se o Quadrilátero Ferrífero com Belo
Horizonte e Ouro Preto na diagonal noroeste-sudeste. No mapa a unidade A3b é o
Complexo de Bação, onde está Cachoeira do Campo, com espetaculares campos de
voçorocas, algumas reativadas, como o da aerofoto em cores feita pelo NEPUT/UFV
para a Prefeitura Municipal de Ouro Preto em 2004. O Google Earth na área
apresenta imagens praticamente equivalentes.
Uma palavra a mais sobre as voçorocas. Na aerofoto ocupam
mais de 50% da área. Algumas são do Ciclo do Ouro e ainda não estão
renaturalizadas. Há trabalhos científicos da UFOP e UFV sobre elas, que
poderiam subsidiar a revitalização da bacia do São Francisco, que ainda não
chegou à área. Somados todos os contornos para o Brasil inteiro, é provável que
tenhamos um Paraguai, um Chile, até uma Bolívia, de áreas degradadas pela
erosão. Em volume de perda de solo elas juntas representam algo comparável a
toda a produção mineral brasileira, inclusive materiais de construção. Um
quinto desse volume é reservatório natural de água perdido, obrigando as águas
pluviais a buscarem imediatamente o mar, até porque as terríveis nascentes
tecnogênicas, no Brasil, são “protegidas” por lei.
O Geólogo Cássio Ávila, a pedido da GEOLURB, cadastrou mais
de 320 voçorocas clássicas e áreas de ravinamento, fazendo o trabalho de
correlação delas com o substrato geológico. Colaborou também o geólogo Fábio
Henrique Dias Leite.
Belo Horizonte, 18 de setembro de 20
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