Lugar de Plantar
Geocentelha 330
Plantaram os geólogos nossos antepassados ideias novas sobre
a Terra, inclusive para provarem que ela era 750.000 vezes mais velha do que
era ensinado ou imposto como dogma. Pelo menos desde o século V antes de Cristo
geólogos, ostentando ou não o nome, têm-se esforçado por colocar algumas coisas
no lugar. No dia do Geólogo, 30 de maio, não custa lembrar duas coisas: O que
fizeram com coragem, cumprindo dever sagrado para com a humanidade e o tanto
que não conseguiram fazer. Geólogos australianos e japoneses, por exemplo,
conhecem a história geológica deixada por tsunamis com ondas de
dezenas de metros de altura, mas não conseguiram convencer uma nação tão
esclarecida quanto o Japão de que não se deve urbanizar a orla baixa nem
colocar nela centrais nucleares. A orla baixa é muito boa para plantar arroz,
nunca para morar. Não convenceram outros povos de outras necessidades como a de
generalizar o conhecimento da terra através da geologia. Não por acaso,
portanto, este século já deve estar chegando aos 10.000.000 de mortos por
tragédias consequentes a acidentes geológicos e a meras escavações temerárias
de uma vala ou um barranco.
Mas o tema de hoje é outro: É o princípio do vaso fechado,
caro aos geólogos no estudo de temas geológicos maiores como o
metamorfismo e o metassomatismo. Esse princípio, entretanto, deveria ser
reconhecido e aplicado por toda a humanidade na gestão em outras áreas. Diz ele
que toda a sustentabilidade disponível está concentrada no vaso fechado da Terra.
Se deixarmos, por exemplo, de consumir a baleia caçada em idade adulta, teremos
de substituí-la por uns 200 bois, que, criados extensivamente em terrenos
íngremes, destroem o solo, a casa ideal da água, e as conseqüências virão em
cadeia: O processo geológico não repõe solo novo na velocidade com que é
perdido.
O vaso fechado nos ajuda noutro ponto: Lugar de plantar
inhame, banana, uma infinidade de hortaliças, o arroz em grande escala no
Sudeste Asiático e alhures, é na presença de água exposta à superfície ou
sub-aflorante, onde as plantações são naturalmente irrigadas. Esses plantios em
absolutamente nada prejudicam a água, por exemplo, e também não as margens,
porque o que destroi as margens não são esses cultivos, mas o boi, o carneiro,
a capivara, e as enxurradas que vêm de cima. Se não os plantarmos aí,
principalmente onde chove pouco, terão de ser plantados (vaso fechado) noutro
lugar para onde a água será levada por gotejamento, em regos ou por aspersão,
certamente com impactos ambientais também e às vezes maiores.
Se as cidades cultivarem brejos, terei de passar meus
últimos anos longe delas. Com Dante, passado por Fábio: “No verão a saúde traz
perigo; em vasto plaino o álveo dilatando, forma paul, das infecções amigo”, ou
com Graciliano (Angústia): “Muitos agora tiritavam, batendo os dentes como
porcos caititus, na maleita que a lama da lagoa oferece aos pobres”.
Belo Horizonte, 7 de maio de 2011
Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo.
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