6 de abril de 2012
5 de março de 2012
O Método Geológico
Caros colegas, coloco a disposição o texto "O Método
Geológico Aplicado à Implantação de Aterros de Resíduos", que trata da
recuperação de áreas degradadas pela disposição controlada de resíduos de
construção e demolição.
Link para download: Método Geológico
Exclusão da liberdade
Geocentelha 347
“Criar centros de desenvolvimento da tecnologia da gestão à
semelhança de centros temáticos que criou a EMBRAPA ...”. Ao refletir sobre a
rua sem saída do Código Florestal (qualquer versão), lembrei-me da proposta que
incluí no capítulo “A revolução geológica” do livro “Geologia Urbana para todos
– Uma visão de Belo Horizonte” que começa com a citação de Han Yu, pensador
neoconfucionista do século nono: “Quem se senta no fundo do poço para
contemplar o céu há de achá-lo pequeno”. Vi na EMBRAPA o modelo operativo para
a revolução geológica e no SUS a organização do Estado para o enfrentamento dos
problemas geológicos do nosso cotidiano, especialmente o do risco. Esforços de
escassa repercussão, porque desde então (1999), tivemos problemas com grandes
perdas em Santa Catarina, serras fluminenses, Nordeste, em
nosso estado e tantos outros.
Sem razões para rever os modelos, envio à EMBRAPA (direção e
pesquisadores) consulta que dispensa justificação: Dada a natureza experimental
da pesquisa agropecuária, como tratam as áreas de preservação nas
pesquisas de campo? Para melhor esclarecer a profunda angústia que move tal
pergunta, ponho-me em situações opostas, a primeira na de quem preza a
liberdade que nutre a criação e a segunda na de quem acha que ela não vale
nada. Na primeira, sendo a APP intocável, como conseguem aprovação para
pesquisa experimental, por exemplo, de arroz plantado dentro d’água? Vocês têm
o direito de pesquisar nas APPs, desde que tais ambientes sejam necessários à
pesquisa. Sendo missão natural da instituição obter soluções para a
agropecuária brasileira, como justificam o uso dos recursos que lhes passo por
delegação ao governo, para fazê-las senão para repassar seus resultados a
outros povos, visto que não serão usados aqui? Na segunda condição
pergunto-lhes: Vocês estão fazendo experimentos de campo em áreas de APP?
Quando foi que, como financiador de seus cometimentos científicos, lhes dei a
liberdade de pesquisar o que querem, nas sagradas áreas de APP?
Alguns concordam quando digo que importante em política de
ordenamento territorial é haver diretrizes gerais de preservação e de
reabilitação de áreas degradadas diferenciadas conforme domínios geoambientais
definidos por critérios geográficos, geológicos, físicos, químicos e
biológicos. Em cada domínio, respeitado o percentual mínimo estabelecido,
profissional habilitado fixará na propriedade as áreas de produção e de
preservação. Às vezes dizem temer a transição. Não há o que temer: Congele-se o
atual que a Lei determina para evitar retrocesso e acompanhem-se as mudanças
autorizadas e determinadas pela nova lei. Extinguir-se-ão naturalmente dilemas
absurdos como o exposto e o país se beneficiará imensamente do uso do
fundamento científico, hoje não só dispensado, mas sujeito a ameaças de
devastador efeito.
Uma idade média de mil anos pode suceder ao desvario de uma
geração.
Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2012
Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo.
[1] O Tempo;
Opinião; p. 15; 27/02/2012
13 de janeiro de 2012
Causas entrelaçadas
Causas entrelaçadas [1]
Geocentelha 346
Houve tempo em que as pessoas estavam mais perto da
natureza, mesmo morando em cidades, então pequenas, e, no caso de Belo
Horizonte, curiosos deixavam suas casas para observar a cachoeira do Arrudas ou
do Onça; em São Paulo colega meu disse que não perdia uma cheia do
Piracicaba, e eu aos 8 anos não perdia uma do Gualaxo do Sul, ainda hoje só não
tão bonito quanto o que vi do Zêzere. Um conhecimento intuitivo vinha chegando
com o tempo e com o conviver.
Disse a um amigo que indivíduo que tenha aprendido algo útil
jamais se esquece, mas as nações se esquecem facilmente. Basta uma geração.
Tínhamos um curso universitário chamado História Natural, com ênfases em
geologia, geografia, biologia. Lembro-me de colegas das três ênfases,
observando-os de fora, notando que havia distinções filosóficas mais ou menos
profundas, mas respeito mútuo, porque discutiam temas ambientais cruzados e
todos ganhavam. Terminado o curso, ficaram as licenciaturas de geografia e
biologia em ambientes estanques, e não foi criada a de geologia, talvez com uma
de duas suposições absurdas, o bacharelado em apenas 20 cursos responder pela
demanda desses quadros, ou a matéria ser dividida apenas entre licenciados de
outras áreas. Talvez hoje o Brasil tenha uma única licenciatura geológica na
UNICAMP. Então, mesmo onde haja a matéria geológica no ensino fundamental em
geral, não haverá licenciados em geologia para ministrá-la. As outras
licenciaturas estarão sentindo falta do contraditório no ambiente escolar.
Bateremos cabeças na questão até reaprendermos.
Escorregamentos dependem, nas cidades, do contexto geológico,
dos modelos de assentamento adotados, nem sempre os mais lógicos, das
declividades e da forma de escavar e construir, e das chuvas. Estes são os
cinco fatores centrais. A geologia, na intimidade de cada contexto geológico
geral, abre inúmeros outros fatores.
Rios? Há pelo menos 3 grandes categorias: Os que nascem nas
cidades e sobre os quais elas teriam à partida pleno domínio (Arrudas e RMBH);
os que passam pelas cidades (Piranga e Ponte Nova) sobre os quais a cidade não
tem quase nenhum domínio, senão reduzir o inevitável risco de posição, e os
federais (Paraíba do Sul e Campos) sobre os quais nem o estado tem domínio.
Escorregamentos ampliam inundações, agora, e levam o reservatório geológico
para sempre. Perda de solo é perda d´água certa no futuro. Ponte Nova e Campos
dependem em primeiríssimo lugar da consciência verdadeira, solidária, sensível,
sem insensatez, das cidades a montante, acostumadas a descarregar jatos d’água
sobre as coirmãs; das áreas rurais (governo federal com seu ilógico Código
Florestal) e dos estados que estão a montante. Se não for assim, ficaremos à
mercê de batalhas por verbas baseadas em argumentos nem sempre bem
fundamentados, e muitas vezes oportunistas.
Dinheiro básico e bem dirigido, sim. Mas também reformulação
do ensino fundamental já.
Belo Horizonte, 07 de janeiro de 2012
Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo.
[1] O Tempo; Opinião; 11/01/2012;
P19
Assinar:
Postagens (Atom)