Sacola: Bola da vez
Geocentelha 330
Campanha furiosa contra a sacola do supermercado. A meu ver,
seu único defeito é o abuso no seu uso. Bastava estabelecer a cobrança para
controlar o abuso; o que restasse, e que, concedo, pode até não ser pouco,
seria mais fácil administrar. Em idos da década de 1980, membro do Conselho
universitário da UFMG, participei de uma discussão inesperada, diria quase
surrealista, dessas lançadas por alguém no uso da famosa “palavra livre”,
concedida pelo Reitor usualmente ao final do expediente, esgotada a pauta.
O plenário pegou fogo. A maioria esbravejava contra a
pretensão dos supermercados, que queriam cobrar por ela. Intervindo timidamente
ponderei que a cobrança poderia conduzir as pessoas a uma conduta mais sóbria;
pensava eu exatamente na questão ambiental mais direta e, com olhar geológico,
na da sustentabilidade, ainda um tanto escondida na época. Se fosse voto seria
vencidíssimo, tratado com paciência e compreensão por velhos amigos, e com
certo desdém por outros de pensamentos muito diversos dos meus: “Queremos a
sacola de graça”, era o brado retumbante.
Agora no país do tudo ou nada, a exemplo do famigerado
Código Florestal, nada então! A próxima bola serão pandeiros contra os quais se
investirá porque perturbam o silêncio noturno? Vocês acham que ganhamos com
isto alguma dimensão especial de nação civilizada?
Belo Horizonte, 27 de abril de 2011
Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo
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