22 de agosto de 2010

O Livro da Terra de Minas Gerais - Fascículo 1

Fascículo 1

Já contei a história de quando pensei em escrever o Livro da Terra de Minas Gerais (Geocentelha 312). Hoje exponho alguns conceitos e visões com que trabalho, não com a pretensão de ensinar a leigos ou mesmo a colegas geólogos princípios mais ou menos importantes. Os geólogos, e mais ou menos próximos deles outros profissionais, representam a terra em mapas de escalas diversas. Para os geólogos são leituras de decodificação quase imediata, mas o que representa de fato o mapa geológico? É o mapa da distribuição das categorias de terrenos sobre a terra quanto a algumas das suas propriedades. De modo geral podemos dizer que um mapa geológico exibe em sua linguagem e regras próprias o sistema geológico.

Aqui, inclusive para os colegas geólogos, digo que trabalho, quando caiba, com a seguinte concepção de sistema geológico: O sistema constituído por um arcabouço mineral sólido, que chamo de componente permanente; toda a biosfera que nele se apoia, que chamo de componente transitório; os fluidos intersticiais, que em geral limitarei à água, que chamo componente itinerante.

Pois bem, o mapa geológico em geral representa o componente permanente, com limitações das características exibidas, é a grande verdade. São muitas as limitações, mas uma delas estará frequentemente presente no livro. É a história geológica recente, marcada pela pegada antrópica, tecnogênica (temos desenvolvido mapas que tentam contar essa história, mas estou aqui falando de mapas geológicos não necessariamente especializados).

Qual a importância dessa história? A mesma da história política, social, econômica da humanidade, aliás parte dessa história convencionalmente reconhecida. E quando penso em história estou aqui pensando no seu aspecto utilitário mesmo, aquele que me lembra a mais simples das definições de história (aliás, mais propriamente uma sumária declaração de qualidade): “A história é a mestra da vida” (Cícero). Recentemente li em português um livro que trata de um ângulo da história da humanidade coincidente com o que penso agora, de Jared Diamond , Colapso, no qual o autor traça em linhas gerais o que sucedeu com culturas que desapareceram e com outras que triunfaram, tendo a questão ambiental por fator decisivo.

No livro da terra, juntamos (digo juntamos porque não sou só eu, pois ao final de cada fascículo cito quem nele colaborou, exceto o Fábio Henrique Dias Leite, que tem nele uma função permanente, mas que será também citado quando contribuir especialmente para o conteúdo do fascículo) a imagem do Google Earth com o mapa geológico oficial de Minas Gerais. Tentaremos mostrar, da área focalizada, a correspondência lógica entre a imagem e o mapa, aí fazendo um esforço de divulgação das possibilidades do mapa, mas também, como que complementando-o, traçando em linhas muito gerais e despretensiosas características dos demais componentes e as vicissitudes por que passou ou tem passado a área no presente, em relação ao componente permanente, ao componente transitório e ao componente itinerante.



Belo Horizonte, 22 de agosto de 2002.

Edézio Teixeira de Carvalho.
Eng. Geólogo


Diamond J. (2005). Colapso (Collapse) – Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Trad. de Alexandre Raposo. Ed. Record, 2ª Ed. 685 pp. Rio de Janeiro. São Paulo.

Um comentário:

  1. Caro Professor,
    Estamos adorando a disponibilização desse rico material por essa via. Só estamos com uma dúvida: é possível fazer download dos fascículos? Como fazê-lo?
    Grande abraço e vida longa a esse blog!
    Leta

    ResponderExcluir