Fascículo 2
No sítio urbano, a leste da área mostrada, e para sudeste, a
concentração de drenagem é muito baixa, o que indica, secundada por declividade
moderada, alta permoporosidade e baixo escoamento superficial, características
de área com sedimentos do Grupo Bauru e de coberturas detríticas mais recentes.
A oeste da cidade, e também a nordeste, observa-se maior densidade de linhas de
drenagem, com padrão dendrítico, denunciando elevado escoamento superficial
característico de terrenos pouco permeáveis, do Grupo Araxá, a que o mapeador
associou xistos e lentes de anfibolitos. A Formação Serra Geral, composta por
basaltos e diabásios, ocorre no mapa em estreitas faixas dos dois lados do
Araguari, embora bem a sul os basaltos formem o nível de base local.
O exemplo de Araguari é fecundo para esclarecer aspectos de
sustentabilidade relacionados a recursos hídricos cruzados com os relacionados
à erodibilidade do solo integrante da plataforma geológica local. Com efeito, a
cidade, vilas e fazendas são abastecidas por água subterrânea (Oliveira &
Campos, 2004) , principalmente do Grupo Bauru. Segundo esses autores, a produção
de água subterrânea para a sede alcançava em 96 poços a média de 1.874m3/h,
mais ou menos o dobro do consumo, respondendo as perdas diversas pela
diferença. Ainda segundo os autores, as condições naturais de recarga são
excelentes.
Do componente transitório (flora), vê-se que pouco ficou.
Todo o enrugado afloramento do Grupo Araxá, pouco produtivo, deveria ser
rearborizado e o contato das coberturas detríticas meso-cenozoicas com o
substrato impermeável, este sim, deveria ser marco geológico de uma APP, ou
entidade de ordenamento territorial equivalente, para prevenir ou atenuar a
perda do precioso componente itinerante, a água, e para evitar que, sem
controle, ela continue a promover erosões como as que o autor viu há 10 anos.
Mapas geológicos não usados são inúteis.
Colaboraram Fábio Henrique Dias Leite, Geólogo, e Talita
Maciel Mota, Estudante de Geologia, Estagiária.
Belo Horizonte, 31 de agosto de 2010
Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo
Oliveira, L. A., Campos, J. E. G. 2004. Parâmetros hidrogeológicos do sistema aqüífero Bauru na região de Aragua-ri/MG: Fundamentos para a gestão do sistema de abastecimento de água. In:Revista Brasileira de Geociências 34(2):213-218
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