GC 432 POLÍTICA URBANA PARA A ÁGUA
Tenho emitido opiniões sobre questões
geológicas importantes, que não transparecem em políticas públicas na maioria
dos países. Acidentes geológicos (deslizamentos, inundações, barragens) estão
presentes, e frequentes, na Europa, Japão, Estados Unidos, onde recente erosão
do vertedouro da barragem de Oroville provocou remoção preventiva de 200.000
pessoas. Tal barragem fora discutida por professores meus de pós-graduação em
1979 em Lisboa, sobre algo já então questionável no projeto.
A água, componente itinerante do
sistema geológico, que dele precisa de entradas e saídas, não é tratada como
tal, praticamente em nenhum país. Apresento comentário de procedimentos saudáveis
e menos dispendiosos que absurdos determinados por legislação, como é o caso de
nascentes urbanas. Ele segue comentário de cunho metodológico da GC 388 Gestão
Matricial da Água (O Tempo, O.Pinião, 10/11/14).
Vamos a uma linha da gestão
matricial. O território urbano, se favorável do ponto de vista hidrogeológico,
deve ser posto a produzir água para consumo por pelo menos quatro razões
distintas e complementares atendidas na GC 388, assim como a água da nascente
verdadeira, não da mantida pelos famigerados 40 % de perdas de alguns serviços
brasileiros de suprimento. 1: Esse aproveitamento, em grandes cidades, reduziria
a água tomada ao campo, espécie de urbano imposto, pago pela devolução do
respectivo esgoto em rios espumarados e fedorentos. Também a água subterrânea
produzida por poços tubulares (não artesianos, nome só dado a poços jorrantes que
dispensam bombeamento, vindo de Artois, cidade francesa famosa por poços de tal
natureza). Então 2: Nos poços não artesianos, tal produção provoca o
rebaixamento do lençol freático no meio urbano, estimulando a infiltração e, de
óbvia consequência, além de oferecer reservatório à água, tendo por benéfico
efeito a redução de inundações e a do custo de seu controle convencional. E,
quase finalmente, mas não ainda, 3: Lucra a sociedade com o aprendizado da
importância e dos meios de controlar a poluição do solo urbano.
Essa matriz moderna promete mais o
benefício 4: Segurança hídrica, limitando cortes em acidentes com grandes
adutoras. Que o digam, além dos colegas geólogos, engenheiros geotécnicos e
hidrólogos, geógrafos físicos e humanos
e jornalistas especializados que conheçam sistemas de países mais avançados.
Lei que dispõe contra o conhecimento
técnico tem efeito devastador pelo qual todos pagamos, como disse Carlos Alberto
Menezes Direito, finado Ministro do STF, como candidato ao cargo, em resposta a
senador na sabatina de 29/08/07 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
do Senado sobre regulamentação de pesquisas na área médica. “Não se pode
impedir sob nenhum ângulo que a ciência avance...”.
É isto: Lei que
proíbe o fazer sem saber de projeto assume o risco de matar e de evitar o
nascimento. Não sabiam os legisladores?
Belo
Horizonte, 24/07/17
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Edézio
Teixeira de Cavalho
MSc Eng.o
Geólogo CREA-MG 8157/D
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