Adeus às ilusões? [1]
Geocentelha 352
Parece que de repente a hipótese do aquecimento global
continuado começa a fazer água. Não me parece tão importante assim termos
certeza hoje de que a terra está aquecendo ou esfriando. Sei que a humanidade
não tem pronta solução para qualquer hipótese. Aliás a humanidade nunca tem
solução sequer tolerável para problemas que inventa. Um exemplo: Onde está a
solução da sacola plástica? Tenho certeza absoluta de que não existe, porque, a
rigor, o da sacola plástica é problema inventado e problema inventado não tem
solução. Por que o problema da sacola plástica é inventado? É inventado porque
nenhuma casa comercial, desde que surgiram os grandes supermercados, teve em
homenagem à transparência a decisão de cobrar pela sacola. O que aconteceria
numa sociedade lúcida? Algumas passeatas e depois a sensatez de verificar se as
compras estavam ficando mais caras ou baratas com as sacolas compradas ou
levadas de casa. Querer que os supermercados não cobrem pelas sacolas é pedir deles
que não tenham transparência. Eles cobrariam pelas sacolas vendidas uma a uma como
cobram pelo pão, e o que haveria de mau nisso? Mas cobrarão também, se não
cobram uma a uma, pelas sacolas que dão de graça e o freguês desonesto e
desatento, por achar que não está pagando, leva logo quatro ou seis no lugar de
uma. O supermercado capta o consumo de sacolas estatisticamente, e cobrará
estatisticamente. Um imenso problema geológico, podem crer, porque, além de
pesar no bolso do desatento freguês, pesa no estoque de sustentabilidade
geológica do planeta! Pode o comerciante ser desonesto noutras operações, mas
nesta estaria exercendo um direito inquestionável. Qual então seria o cenário
de todos os supermercados cobrando pela sacola? O da transparência! Se acho
caro não compro, levo de casa, e aí não pago. E aí o consumo cairia, assim como
sobreviveria mais o estoque de nossa sustentabilidade geológica, porque cairia
o impacto ambiental! E cairia menos a economia popular!
Se não estivermos aquecendo tanto, não teremos de tentar o
milagre de resfriar, porque nem teríamos ventilador suficiente. Dediquemo-nos
então a resolver problemas concretos, que estão nas nossas mãos. Problemão, não
acham, termos muitas cavidades de pedreira e de minas abandonadas? Mas que
problema? É mil vezes melhor termos cavidades desses tipos abandonadas, às
dezenas, às centenas para que possamos fazer mil coisas extraordinárias com
elas que, por um lado não as termos, o que significaria que teríamos de
importar o ferro de um mero canivete ou por outro lado declará-las APP,
proibidas, imprestáveis, reduzindo a cada dia que passa o território utilizável!
Não temos outra coisa a fazer senão choramingarmos por termos buracos de
mineração, só pelo mórbido prazer de dizer que não gostamos dela (embora
gostemos bem de seus produtos)? Assim não dá! Acabo saindo por aí a perguntar
se alguém sabe a última do brasileiro!
Belo Horizonte, 17 de julho de 2012
Edézio Teixeira de Carvalho
Eng. Geólogo
[1] O Tempo;
O.PINIÃO; 26/07/12; p. 21
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