20 de janeiro de 2017

A ministra e os soberbos titulares

A MINISTRA E OS SOBERBOS TITULARES

GC 410 A ministra e os soberbos titulares

Só conheço a ministra por seu desempenho nas sessões do Supremo. Por essas e especialmente por entrevista dada no dia antecedente à sua posse, fiquei com a quase certeza de que ela leu Os soberbos titulares, poema integrante do Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles. Com outra certeza fiquei de que é a mais importante cidadã brasileira da quadra que atravessamos.
Se assaltarem nossos governantes e parlamentares disposições honestas de arrumarem nossa constituição, penso que contarão com disposição favorável do Supremo Tribunal, tendo este mais uma oportunidade de voltar sobre equívoco reconhecido, responsável pela pulverização do nosso quadro partidário, colocando-o com número suficiente para acolher as tendências ideológicas fundamentais entre 5 e 10 partidos políticos. Por que penso assim? Por causa de uma expectativa de amadurecimento da sociedade brasileira proporcionado pela crise atual, amadurecimento este que consiste em valorizar o que foi feito de bom nos últimos governos em termos de inclusão social, mas certamente rejeitando o vórtice venezuelano.

Imagem do dia: Dendrites em quartzito de São Tomé das Letras-MG, “invisíveis” quando dispersas na calçada, mas extremamente instrutivas quando agrupadas revestindo muros ou agrupadas no piso.

Acho que precisamos de dar mais atenção à água; aliás, não só nós o Brasil, mas a maior parte da humanidade, que vive cometendo equívocos a respeito dela, a meu juízo por desconhecer ou desconsiderar característica fundamental da água, qual seja a de ser componente itinerante do sistema geológico. Que significa isto? Algo que acontece com ela, de certo modo “negando”, apenas aparentemente, fato enunciado pelo físico: “dois corpos não podem ocupar simultaneamente o mesmo lugar no espaço”. É verdade, mas, tirando partido do caráter fluido, a água penetra materiais porosos, como o solo, principal fator geológico da sustentabilidade, e rochas, em fissuras planas como no caso acima em que a água com sólidos em suspensão ou solução penetra e sai, deixando uma pegada de material sólido como as magníficas dendrites da figura acima, que lembram delicadas chinesices. E o solo ostenta a condição de principal fator geológico da sustentabilidade (não renovável senão no ilimitado tempo geológico) porque oferece acesso à água, mas ela não entra e fica: ela entra e sai, às vezes deixando belo rastro, como se vê na imagem do dia. Por outro lado a saída da água das terríveis nascentes das voçorocas em tempo chuvoso, não deixa o solo para trás: Arrasta-o ao longo do Velhas para destruir o São Francisco.
Jamais para sugerir à Ministra uma rota de conduta, mas para apontar um problema territorial que toca profundamente a sensibilidade dos mineiros, a salvação do São Francisco depende de revisão profunda do código Florestal quanto ao conceito de nascente, e a outras categorias territoriais nele presentes, especialmente nas suas aplicações às áreas urbanas: São símbolos dessa destruição territorial: As nascentes das voçorocas de Cachoeira; as capivaras descontroladas da Pampulha, por falta do predador natural, afastado pela lei, que vi também em Holambra e Blumenau, e a árvore assassina, que pôs a seu serviço a cidade, ao invés de ser exatamente o oposto.
E ouso repetir, da Geocentelha 408, com a máxima vênia do leitor:   “Recorro então ao mestre do Direito, pedindo humildemente ao parlamento que pare de bloquear a ciência sob  o peso insuportável de lei mal feita: “Não se pode impedir sob nenhum ângulo que a ciência avance ...” Juiz Carlos Alberto Menezes Direito,  Ministro do Supremo Tribunal Federal, como candidato indicado para o cargo, dando resposta ao Senador Antônio Carlos Valadares na sabatina de 29/08/07 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal sobre regulamentação de pesquisas na área médica.
Recorro também a J. Barreiros Martins Prof. catedrático emérito jubilado da Universidade do Minho) em seu artigo "Respigos da situação portuguesa e da situação europeia" ... “Porém, um governo, seja ele qual for, quando aplica uma pancada (decisão) a um “sistema humano” (o povo português ou outro), essa pancada não surte o efeito desejado pelos governantes, pela simples razão da costumada falta de senso e qualidade dessas acções, algumas delas “contra natura”. Muitas vezes essas acções até vão contra recomendações dos técnicos e cientistas nomeados pelo próprio governo, esquecendo-se os governantes que “a Ciência e a Técnica dizem o que é de prever”. E quando o governo executa o contrário, as leis da Ciência, como são as da Economia, esmagam todos os súbditos, só escapando os que trabalham na escuridão, e são muitos…” Diário do Minho em 09-07-2016.”
Como diria minha saudosa mãe sobre a Ministra: “Deus a conserve”.


 

Belo Horizonte, 15 de setembro de 2016.
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Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo


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