A MINISTRA E OS
SOBERBOS TITULARES
GC 410 A
ministra e os soberbos titulares
Só conheço a
ministra por seu desempenho nas sessões do Supremo. Por essas e especialmente
por entrevista dada no dia antecedente à sua posse, fiquei com a quase certeza
de que ela leu Os soberbos titulares,
poema integrante do Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles. Com outra
certeza fiquei de que é a mais importante cidadã brasileira da quadra que
atravessamos.
Se assaltarem
nossos governantes e parlamentares disposições honestas de arrumarem nossa
constituição, penso que contarão com disposição favorável do Supremo Tribunal,
tendo este mais uma oportunidade de voltar sobre equívoco reconhecido,
responsável pela pulverização do nosso quadro partidário, colocando-o com
número suficiente para acolher as tendências ideológicas fundamentais entre 5 e
10 partidos políticos. Por que penso assim? Por causa de uma expectativa de
amadurecimento da sociedade brasileira proporcionado pela crise atual,
amadurecimento este que consiste em valorizar o que foi feito de bom nos
últimos governos em termos de inclusão social, mas certamente rejeitando o
vórtice venezuelano.
Imagem do dia: Dendrites em
quartzito de São Tomé das Letras-MG, “invisíveis” quando dispersas na calçada, mas
extremamente instrutivas quando agrupadas revestindo muros ou agrupadas no piso.
Acho que
precisamos de dar mais atenção à água; aliás, não só nós o Brasil, mas a maior
parte da humanidade, que vive cometendo equívocos a respeito dela, a meu
juízo por desconhecer ou desconsiderar característica fundamental da água,
qual seja a de ser componente itinerante
do sistema geológico. Que significa isto? Algo que acontece com ela, de certo
modo “negando”, apenas aparentemente, fato enunciado pelo físico: “dois corpos
não podem ocupar simultaneamente o mesmo lugar no espaço”. É verdade, mas,
tirando partido do caráter fluido, a água penetra materiais porosos, como o
solo, principal fator geológico da sustentabilidade, e rochas, em fissuras
planas como no caso acima em que a água com sólidos em suspensão ou solução penetra
e sai, deixando uma pegada de material sólido como as magníficas dendrites da
figura acima, que lembram delicadas chinesices. E o solo ostenta a condição de
principal fator geológico da sustentabilidade (não renovável senão no ilimitado
tempo geológico) porque oferece acesso à água, mas ela não entra e fica: ela entra
e sai, às vezes deixando belo rastro, como se vê na imagem do dia. Por outro
lado a saída da água das terríveis nascentes das voçorocas em tempo chuvoso,
não deixa o solo para trás: Arrasta-o ao longo do Velhas para destruir o São
Francisco.
Jamais para
sugerir à Ministra uma rota de conduta, mas para apontar um problema territorial
que toca profundamente a sensibilidade dos mineiros, a salvação do São
Francisco depende de revisão profunda do código Florestal quanto ao conceito de
nascente, e a outras categorias territoriais nele presentes, especialmente nas
suas aplicações às áreas urbanas: São símbolos dessa destruição territorial: As
nascentes das voçorocas de Cachoeira; as capivaras descontroladas da Pampulha,
por falta do predador natural, afastado pela lei, que vi também em Holambra e
Blumenau, e a árvore assassina, que pôs a seu serviço a cidade, ao invés de ser
exatamente o oposto.
E ouso repetir,
da Geocentelha 408, com a máxima vênia do leitor: “Recorro então ao mestre do Direito, pedindo
humildemente ao parlamento que pare de bloquear a ciência sob o peso insuportável de lei mal feita: “Não se pode impedir sob nenhum ângulo que a
ciência avance ...” Juiz Carlos Alberto Menezes Direito, Ministro do Supremo Tribunal Federal, como
candidato indicado para o cargo, dando resposta ao Senador Antônio Carlos
Valadares na sabatina de 29/08/07 na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania do Senado Federal sobre regulamentação de pesquisas na área médica.
Recorro também a J. Barreiros
Martins Prof. catedrático emérito jubilado da Universidade do Minho) em seu
artigo "Respigos da situação
portuguesa e da situação europeia" ... “Porém, um governo, seja ele
qual for, quando aplica uma pancada (decisão) a um “sistema humano” (o povo
português ou outro), essa pancada não surte o efeito desejado pelos
governantes, pela simples razão da costumada falta de senso e qualidade dessas
acções, algumas delas “contra natura”. Muitas vezes essas acções até vão contra
recomendações dos técnicos e cientistas nomeados pelo próprio governo,
esquecendo-se os governantes que “a Ciência e a Técnica dizem o que é de
prever”. E quando o governo executa o contrário, as leis da Ciência, como são
as da Economia, esmagam todos os súbditos, só escapando os que trabalham na
escuridão, e são muitos…” Diário do Minho em 09-07-2016.”
Como diria minha
saudosa mãe sobre a Ministra: “Deus a conserve”.
Belo Horizonte, 15 de setembro de
2016.
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Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo
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