GC
419 ÁGUA: QUE FAZER POR CACHOEIRA
Já
falei, e por ora não me lembro de quando, nem onde, que o Homem, este que é
acusado por tudo de mau que ameaça o planeta, que é ele o único ser capaz (e
podem colocar aí o universo inteiro) de corrigir defeitos naturais dos sistemas
geológicos neste e noutros planetas, e também de criar defeitos tais,
propositadamente ou por mera estupidez. Ele pode, e o faz muito às claras, até
quando legisla contra a correção, que poderia ter, a tempo e horas, sido
empreendida há pelo menos algumas dezenas de anos nas voçorocas de Cachoeira do
Campo, desta forma, por exemplo, impedindo o progresso do impacto ambiental do
desenvolvimento de voçorocas (impacto ambiental local), do leito assoreado do
Maracujá (outro impacto ambiental local, ligado, este ainda tendo por visível o
que o provocou, quando não estiver à frente uma colina majestosa, e ainda não
atacada, do Complexo de Bação); mais além pelo reservatório quase todo
assoreado de Rio de Pedras em Itabirito, assoreado pelo riozinho pequeno, e não
pelo grande, o rio das Velhas, que lhe chega pela direita, para mostrar a uma
sociedade geologicamente cega para o processo que o fato geológico, criado por
esse processo geológico, não é criado só pelo agente mais capaz, mas pelo que
atua sobre a massa mais vulnerável, no caso o espesso, gostoso e produtivo solo
do Complexo de Bação, vulnerável à evidência pelo que estudou um pouquinho de
geologia, aquela ciência que também não será ensinada no futuro segundo grau
para todos os cidadãos (porque ninguém vive sem ela), e porque ela teria de ser
ensinada por alguém versado nessa estranha geologia, superestrutura científica exigente,
formada sobre os pilares da física, da química e da biologia.
Imagem do dia: Está bom assim?
A
rigor, não fosse praticamente proibida por lei a intervenção corretiva sobre
voçorocas (exatamente o mesmo que proibir o médico de pensar as feridas do
acidentado), a redenção de Cachoeira (imagem do dia) seria extremamente simples,
como abaixo segue.
Antes
de tudo, pensar no fundamental: Reabilitar para quê: Ora, para fazer um belo
sítio, mas um sítio daquele tamanho quanto vale? Não mais que um lote, mas ali
cabem 200 lotes ou mais!
Então
vamos aos lotes, mas antes vamos à continuação do que ficou parado acima no Rio
de Pedras: Assoreia o Velhas até o São Francisco, depois de passar por Sabará,
até aonde já foi navegável no século XIX, e este pelo menos até Sobradinho,
acabando no percurso com todos os criatórios naturais de peixes. Continuando os
motivos do que, obviamente, fazer, neste trecho ninguém mais liga o médio vale
às distantes cabeceiras. Pronto: Uma voçoroca gulosa de onde sai água que nunca
vai sozinha, mas sempre levando muita terra, é um problema ambiental local; o
riozinho, que já foi o rei do alho, é mais um problema ambiental; o pequeno
reservatório do Rio de Pedras é outro foco de problemas ambientais, aqui já
múltiplos porque, além de prejudicar o reservatório quanto à capacidade,
jogando a vazão das chuvas de 1997 sobre a pequenina Raposos, é fluxo abrasivo
nas turbinas da hidrelétrica. Mais um problema ambiental visto localizadamente,
e num futuro Sobradinho, mais um em si gigantesco.
Um
país que nem sequer caracteriza seus problemas ambientais localizados, não é
capaz de perceber o gigantesco desastre Territorial, que um dia chega ao Ceará,
pelas mãos de governos que talvez não
enxerguem nem como Pedro II, autor da ideia de uma transposição bem maior que a
da cidade que ameaça morrer de sede, depois de enviar o equivalente a 5 Velhas
na altura de Bela Fama serra abaixo até Cubatão.
O
conserto do desastre territorial é extremamente fácil, mas começando na
urbanização do polígono acima para que a repercussão venha visível para quem
está rio abaixo. Sei bem que será dito: “Mas Cachoeira não tem demanda!”
Replico eu que Ouro Preto tem, e sei razoavelmente bem de seus problemas de
risco geológico desde 1970.
Parece
mais problema de governo, não porque só deva ele tratar disso, mas porque deve
ensinar os caminhos que a sociedade já disse não conhecer.
Belo Horizonte, 29 de dezembro de 2016.
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Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo
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