31 de janeiro de 2017

Que fazer por Cachoeira do Campo


GC 419 ÁGUA: QUE FAZER POR CACHOEIRA

 
Já falei, e por ora não me lembro de quando, nem onde, que o Homem, este que é acusado por tudo de mau que ameaça o planeta, que é ele o único ser capaz (e podem colocar aí o universo inteiro) de corrigir defeitos naturais dos sistemas geológicos neste e noutros planetas, e também de criar defeitos tais, propositadamente ou por mera estupidez. Ele pode, e o faz muito às claras, até quando legisla contra a correção, que poderia ter, a tempo e horas, sido empreendida há pelo menos algumas dezenas de anos nas voçorocas de Cachoeira do Campo, desta forma, por exemplo, impedindo o progresso do impacto ambiental do desenvolvimento de voçorocas (impacto ambiental local), do leito assoreado do Maracujá (outro impacto ambiental local, ligado, este ainda tendo por visível o que o provocou, quando não estiver à frente uma colina majestosa, e ainda não atacada, do Complexo de Bação); mais além pelo reservatório quase todo assoreado de Rio de Pedras em Itabirito, assoreado pelo riozinho pequeno, e não pelo grande, o rio das Velhas, que lhe chega pela direita, para mostrar a uma sociedade geologicamente cega para o processo que o fato geológico, criado por esse processo geológico, não é criado só pelo agente mais capaz, mas pelo que atua sobre a massa mais vulnerável, no caso o espesso, gostoso e produtivo solo do Complexo de Bação, vulnerável à evidência pelo que estudou um pouquinho de geologia, aquela ciência que também não será ensinada no futuro segundo grau para todos os cidadãos (porque ninguém vive sem ela), e porque ela teria de ser ensinada por alguém versado nessa estranha geologia, superestrutura científica exigente, formada sobre os pilares da física, da química e da biologia.
Imagem do dia: Está bom assim?

A rigor, não fosse praticamente proibida por lei a intervenção corretiva sobre voçorocas (exatamente o mesmo que proibir o médico de pensar as feridas do acidentado), a redenção de Cachoeira (imagem do dia) seria extremamente simples, como abaixo segue.
Antes de tudo, pensar no fundamental: Reabilitar para quê: Ora, para fazer um belo sítio, mas um sítio daquele tamanho quanto vale? Não mais que um lote, mas ali cabem 200 lotes ou mais!
Então vamos aos lotes, mas antes vamos à continuação do que ficou parado acima no Rio de Pedras: Assoreia o Velhas até o São Francisco, depois de passar por Sabará, até aonde já foi navegável no século XIX, e este pelo menos até Sobradinho, acabando no percurso com todos os criatórios naturais de peixes. Continuando os motivos do que, obviamente, fazer, neste trecho ninguém mais liga o médio vale às distantes cabeceiras. Pronto: Uma voçoroca gulosa de onde sai água que nunca vai sozinha, mas sempre levando muita terra, é um problema ambiental local; o riozinho, que já foi o rei do alho, é mais um problema ambiental; o pequeno reservatório do Rio de Pedras é outro foco de problemas ambientais, aqui já múltiplos porque, além de prejudicar o reservatório quanto à capacidade, jogando a vazão das chuvas de 1997 sobre a pequenina Raposos, é fluxo abrasivo nas turbinas da hidrelétrica. Mais um problema ambiental visto localizadamente, e num futuro Sobradinho, mais um em si gigantesco.
Um país que nem sequer caracteriza seus problemas ambientais localizados, não é capaz de perceber o gigantesco desastre Territorial, que um dia chega ao Ceará, pelas mãos de governos  que talvez não enxerguem nem como Pedro II, autor da ideia de uma transposição bem maior que a da cidade que ameaça morrer de sede, depois de enviar o equivalente a 5 Velhas na altura de Bela Fama serra abaixo até Cubatão.
O conserto do desastre territorial é extremamente fácil, mas começando na urbanização do polígono acima para que a repercussão venha visível para quem está rio abaixo. Sei bem que será dito: “Mas Cachoeira não tem demanda!” Replico eu que Ouro Preto tem, e sei razoavelmente bem de seus problemas de risco geológico desde 1970.
Parece mais problema de governo, não porque só deva ele tratar disso, mas porque deve ensinar os caminhos que a sociedade já disse não conhecer.

Belo Horizonte, 29 de dezembro de 2016.
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Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo

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